PROCESSO DE PREPARO
Após o processo de limpeza o próximo processo no fluxo de materiais dentro do CME é o PREPARO, e hoje no nosso artigo abordaremos qual é o objetivo e as etapas desse processo.
O objetivo do preparo é evitar falhas mecânicas e funcional no instrumental, mediante secagem, inspeção, preparo e embalagem adequada para o processamento dos PPS. Garantir que a segurança do paciente em sua jornada hospitalar sejam executadas de forma assertiva em todas as etapas.
Se você tem dúvida de como funciona o fluxo de material dentro do CME confira nossa postagem sobre esse assunto, clicando abaixo:
O processo de preparo envolve as seguintes etapas: Secagem, Inspeção, acondicionamento os artigos para esterilização, embalagem e identificação. Ao longo deste artigo, explicaremos cada uma delas, leia até o final e confira.
SECAGEM
Após a limpeza detalhada, os instrumentos passam pela etapa de secagem. A secagem é essencial para remover completamente a umidade dos materiais, já que a presença de umidade pode comprometer a eficácia do processo de esterilização. A umidade residual pode favorecer o crescimento de micro-organismos e interferir na esterilização adequada. Nesta etapa, os instrumentos são dispostos de maneira a permitir a circulação do ar e a completa evaporação da umidade.
O QUE PEDE A NORMA:
Art. 70 O CME Classe I deve dispor de ar comprimido medicinal, gás inerte ou ar filtrado, seco e isento de óleo para secagem dos produtos.
DICAS
Secar os instrumentos adequadamente antes de serem embalados
Opte sempre pelo uso de toalhas de papel ou não tecido, de preferência que não solte resíduos;
Utilize a secagem automatizada em secadoras, quando disponível na instituição.
INSPEÇÃO
A inspeção do material é um passo crítico para identificar qualquer resíduo, sujidade ou danos que possam ter passado despercebidos. Profissionais de saúde examinam minuciosamente cada instrumento, verificando se todas as partes estão completamente limpas e em boas condições. Itens que não atendem aos padrões de limpeza ou que apresentam danos são encaminhados para novas etapas de limpeza ou reparo.
PRINCIPAIS PONTOS DE INSPEÇÃO
Trincas ou fissuras;
Deformações;
Presença dos parafusos de fixação;
Sinais de desgastes e fadiga;
Superfícies e articulações: presença de manchas e pontos de corrosão;
Micro pinças e instrumentos delicados e finos: uso de lupa intensificadora de imagem ou microscopia eletrônica
Materiais para reparos ou sem condições de uso, devem ser segregados.
LUBRIFICAÇÃO
Após o processo e limpeza os instrumentais devem ser inspecionados criteriosamente, ara que não ocorra falhas no preparo e dispensação e itens não conforme para utilização.
Na presença e sujidade, resíduos, retornar para o processo de limpeza e registrar a ocorrência da maneira adequada.
Caso haja itens danificados, deve-se imediatamente notificar o enfermeiro.
Se houver indicação quando a lubrificação dos instrumentais, deve-se optar por lubrificantes de gotejamento ou spray, a aplicação deve ser de 1 ou 2 gotas somente nos cabos, roldanas e pinos de rotação dos instrumentais.
A Lubrificação é um cuidado preventivo que deve ter em todos os CME’s. Vale a pena ter um estudo na instituição, pois as vezes o custo parece ser oneroso, mas ao levantar dados de quanto é gasto com manutenções corretivas, o valor do lubrificante fica viável
INSPEÇÃO DE MATERIAIS COMPLEXOS
PPS COMPLEXOS: Produtos para saúde que possuem lúmem inferior a 5mm ou fundo cego, espaços internos inacessíveis para fricção direta, reentrâncias ou válvulas.
Para esse tipo de material, é necessários implementar técnicas complementares além da inspeção visual, como por exemplo:
Teste Químico (ATP)
Boroscópio
Escovas de inspeção
CUIDADOS NO PREPARO
Não embalar instrumentos molhados e com resíduos de matéria orgânica;
Não misturar instrumentos com corrosão avançada e instrumentos cromados com os que estão íntegros;
Rotina de lubrificação das articulações dos instrumentos
Lubrificantes adequados e compatíveis com o processo de esterilização
PREPARO E ACONDICIONAMENTO
Nesta etapa, os instrumentos passam por um acondicionamento cuidadoso, garantindo que sejam organizados de forma que permita a eficácia da esterilização. A disposição dos artigos deve permitir que o agente esterilizante alcance todas as partes dos instrumentos. O acondicionamento adequado é essencial para assegurar uma esterilização uniforme e completa
IMPORTANTE:
Os instrumentais devem ser acondicionados de modo que não ultrapasse 80% da capacidade do recipiente;
Instrumentais delicados e pontiagudos, deve-se utilizar protetor;
Instrumentais côncavos como cúpula rim, deve-se acondicionar virado para baixo;
Não ultrapassar o peso estipulado no protocolo;
As caixas devem ser perfuradas inclusive nas tampas;
Utilizar tapetes de silicone;
Utilizar forro absorvível no fundo das caixas ;
Instrumentais mais pesados sempre embaixo dos mais leves;
EMBALAGEM
A embalagem protege os materiais da recontaminação após a esterilização e preserva sua integridade durante o armazenamento e transporte. É importante escolher embalagens apropriadas para o tipo de esterilização utilizada, garantindo a manutenção da esterilidade até o momento de uso.
Existem vários tipos de embalagens para esterilização de materiais, e a escolha do invólucro adequado, além de ter um caráter individualizado, é determinada por uma série de fatores, como por exemplo:
Estudo do custo-benefício
Montante financeiro
Geração de resíduos
Método de esterilização disponível
PPS utilizados
Inventário dos materiais cirúrgicos disponíveis
DEFINIÇÃO
A principal função de uma embalagem é preservar a qualidade de determinado produto, protegendo sua integridade no transporte e armazenamento.
OBJETIVO
– Manter a esterilidade do produto;
– Vida útil e condições de funcionalidade;
– Proteção para transporte e armazenagem até a sua utilização;
– Favorecer a transferência asséptica, sem risco de contaminação.
CARACTERÍSTICAS DA EMBALAGEM
Toda embalagem precisa ser passível para saída de ar, entrada e saída do agente de esterilização e tem que ter barreira para microorganismo.

TIPOS DE EMBALAGENS
Reutilízaveis:
Tecido de algodão
Estojos metálicos
Container Rígido
Descartáveis:
Papel Grau Cirurgico
Papel Crepado
SMS
TYVEK
VEJA QUAL O TIPO DE EMBALAGEM INDICADA PARA CADA TIPO DE ESTERILIZAÇÃO:

Embalagem tecido de algodão
Deve ser confeccionada com tecido 100% algodão e textura de aproximadamente 40 a 56 fios/cm e possuir plano de aquisição e subistituição de arsenal das embalagens de tecido.

Embalagem Não Tecido – SMS
Não tecido é uma estrutura plana, flexível e porosa, constituída de véu ou manta de fibras ou filamento.
OS MÉTODOS MAIS EMPREGADOS PARA FABRICAÇÃO DAS EMBALAGENS SÃO:
S pundonded – Confere resistência mecânica
M eltblown – Confere propriedades de barreira
S pundonded – Confere resistência mecânica

Embalagem Grau cirúrgico
Sistema de barreira estéril, descartável e disponível em vários tamanhos

Embalagem Tyvek
Trata-se de uma embalagem composta de fibras finas de polipropileno de alta densidades formadas pela ação do calor e pressão, e necessita de selagem térmica controlada e baixa temperatura.

Embalagem Contêiner
Trata-se de sistema de barreira estéril permanente, possuem filtros específicos para controle de saída do ar e entrada do agende esterilizante, podendo ser descartáveis ou reutilizáveis.
Os contêineres são reutilizáveis e os filtros é de acordo com o fabricante. Eles podem ser:
Metálicos,Aço inoxidável, Alumínio, Plásticos Preenchido com metal especial.

SELAGEM E FECHAMENTO DOS PACOTES
Sempre seguir as orientações dos fabricantes do sistema de barreira estéril quanto selagem, armazenamento e indicação de uso. Nos casos de fechamento de pacotes de algodão tecido e SMS utilizar fita adesiva de qualidade que não descole durante a esterilização, transporte e armazenamento.

IMPORTANTE:
Controle da Temperatura
Seguir as orientações do fabricante
Não utilizar fita adesiva para realizar selagem
Observar qualidade da selagem, libre de rugas e falhas
Realizar testes nas seladoras
Respeitar largura total de 6mm. Distante 3cm da borda e do material.
IDENTIFICAÇÃO
Todo material embalado, mesmo que passível de visualização, deve ser devidamente identificado.
A identificação dos PPS após o preparo e processamento é obrigatória.
Deve ser realizada através de rótulo ou etiquetas padronizadas de acordo com a realidade de cada instituição, desde que atendam aos requisitos mínimos para garantir a rastreabilidade de todo processo.
Informações importantes que devem constar na identificação:
– Nome do Produto
– Número do Lote
– Data da Esterilização
– Data limite de uso
– Método de esterilização
CONCLUSÃO
Em conclusão, o processo de preparo de materiais no Centro de Material e Esterilização (CME) é uma parte crítica do sistema de saúde, tendo um impacto direto na segurança do paciente e na prevenção de infecções hospitalares. Para os enfermeiros que atuam no CME, a compreensão profunda das etapas do processo – secagem, inspeção, acondicionamento dos artigos para esterilização, embalagem e identificação – é essencial para assegurar a qualidade e a eficácia dos instrumentos médicos utilizados nos procedimentos clínicos.
A secagem minuciosa dos materiais previne a proliferação de microrganismos e favorece a eficácia do processo de esterilização. A inspeção rigorosa garante que os instrumentos estejam completamente limpos e isentos de danos antes da esterilização. O acondicionamento adequado, aliado à organização criteriosa dos artigos, contribui para a esterilização uniforme. A embalagem protege contra a recontaminação e a identificação adequada dos materiais permite o rastreamento e a rastreabilidade.
A dedicação aos detalhes em cada etapa é a base para um processo de preparo bem-sucedido e seguro. Como profissionais de saúde, a sua expertise no CME não apenas mantém a integridade da esterilização, mas também protege os pacientes de riscos associados a instrumentos inadequadamente preparados. Portanto, continuem a aprimorar suas habilidades e conhecimentos, promovendo a excelência na qualidade dos cuidados de saúde fornecidos. Seu compromisso no CME é uma peça-chave na salvaguarda da saúde dos pacientes e na garantia de um ambiente hospitalar mais seguro e saudável.